01 novembro 2006

SISTEMAS

Sistema / Sistemas Arquitectónicos

do Lat. systema <>
- conjunto de princípios reunidos de modo a que formem um corpo de doutrina;
- combinação de partes coordenadas entre si e que concorrem para um resultado ou para formarem um conjunto;
-de caso pensado, de juízo preconcebido.

O que podemos caracterizar por sistema arquitectónico não é, de maneira alguma, muito específico. Um sistema pode consistir num conjunto de princípios formais, construtivas, conceptuais e representativas. No mesmo instante, entre os conjuntos de princípios, existe uma hierarquia relativa que os interrelaciona. Cada hierarquia é genericamente relativa a cada sistema arquitectónico e mais singular ou especifica em relação a cada arquitecto. Também se entende que o funcionamento de um sistema como um todo, constitui um fenómeno único, irredutível das suas partes – existe num conjunto de subsistemas que lhe estão inerentes e se relacionam, que o conformam e transmitem. Se um é modificado, os outros também se modificam, e, como resultado, todo o sistema se modifica.
Um sistema arquitectónico é também algo muito operativo: implica acção e julgamento constante. A sua teorização implica análise, interpretação e julgamento por parte de uma entidade em relação ao objecto de estudo. A sua formalização implica acção na sua envolvente e implica reacção da envolvente; implica sempre mudança (independentemente da escala ou da localização). Um sistema arquitectónico não é e não implica programas e usos específicos na sua teorização, embora não sua formalização tenha que ser capaz de possuir essa capacidade.
O que podemos concluir é que um sistema arquitectónico é um sistema de sistemas.


Sistema Formal
A forma consiste no modo sob o qual uma coisa existe ou se manifesta. Um sistema formal consiste na relação entre as diversas formas que o compõem e como resultado conjunto numa nova configuração – possivelmente nova forma ou formas. Pode-se daqui retirar, em certos casos, uma norma de utilização das diversas formas na sua relação interna e consequentemente um modelo na sua manifestação formal conjunta.
Um sistema formal pode ser relativamente específico e regulado, como no caso da arquitectura clássica, onde na sua origem os princípios regentes estão associados a regras e ordens. Ou pode reger-se apenas por um sistema de princípios, não relacionados directamente com a forma, mas que a condicionam; como no caso do movimento moderno. Ambos os casos estão directamente relacionados com o sistema conceptual, construtivo e representativo.

Sistema Construtivo
Depende directamente do tipo de materiais e matérias-primas usadas na construção de algo. Consiste no modo como se constrói com esses materiais, aproveitando as suas características físicas. Os diferentes sistemas construtivos podem ter raízes culturais e geográficas diferentes. Pode ainda estar na base de sistemas formais (devido às características dos materiais empregues) e de sistemas conceptuais (pode limita-lo ou abrir novas possibilidades espaciais/representativas).


Sistema Conceptual
O sistema conceptual pode entender-se de duas maneiras distintas. A primeira relaciona-se com a concepção e a articulação dos sistemas formais e construtivos com o objectivo a que se propõe o próprio sistema conceptual, o objecto e o arquitecto – a capacidade iconográfica ou representativa pretendida para o objecto. A segunda caracteriza-se pelo entendimento, ideia e opinião que o sistema conceptual vai ter na realidade: o que vai representar para as pessoas na sua colectividade e individualidade ao mesmo tempo.

Sistema Iconográfico / Representativo
- trabalho consagrado ao estudo e descrição explicativa das imagens de qualquer género;
- o conjunto de imagens relativas a um assunto;
- a arte de representar por imagens;
- que representa;

Na capacidade iconográfica e representativa reside a “força” propriamente dita de um dado sistema arquitectónico, assim como da obra em causa. A configuração formal, construtiva e conceptual não causa, por si só, representatividade. A vida um edifício ou de um conjunto de edifícios, inerentes a determinado sistema, não é oferecida directamente pela forma dos seus edifícios, ornamentos e planos; é dada pela qualidade dos acontecimentos e situações que ali encontramos. O sistema iconográfico/representativo depende dos sistemas formais, construtivos e conceptuais, mas implica duas acções externas: uma que parte do próprio sistema e objecto/objectos construídos com as pessoas, a cultura e o lugar; e outra (reacção) das pessoas cultura e lugar com o sistema e as suas materializações. A acção, assim como a reacção, implicam acontecimento, padrões de acontecimentos e por fim julgamentos. Este julgamentos não são explícitos, mas estão implícitos no sistema, no objecto e nas acções que as pessoas desenvolvem com/em/a partir dos mesmos.

Limites do Sistema
- linha de demarcação;
- fronteira;
- meta;
- grandeza constante, da qual outra pode aproximar-se indefinidamente sem nunca a atingir.

Podemos entender os limites de um sistema de três formas distintas: 1- O limite do próprio sistema arquitectónico enquanto resultado dos limites de cada sub sistema que o constitui; 2- O limite do sistema arquitectónico relativamente ao seu enquadramento cultural e social; 3- O limite do sistema arquitectónico relativamente ao seu potencial máximo de exploração e desenvolvimento.

Um sistema arquitectónico não é ilimitadamente abrangente, mutável e perene

Subversão do Sistema Geral
Esta situação, ao acontecer, surge numa fase em que a capacidade conceptual, construtiva e representativa de determinado sistema se encontram em “xeque”. É uma última e derradeira tentativa conseguida através de alguns dos mesmos elementos formais e construtivos conseguir criar novos conceitos e inerentes representações. A distinção entre este “novo” sistema criado a partir do sistema original e o sistema que o origina pode consistir uma evolução coerente e segura de um para o outro, criando uma sequência evolutiva ou uma ruptura – o que poderemos mais tarde chamar de um novo sistema – mas, que na realidade não o é todos os níveis. Assim, mesmo ocorrendo a existência de dois sistemas, eles estarão relacionados, podendo, numa análise mais global ou generalista ser inseridos num mesmo grupo.

Abandono do Sistema
Um sistema arquitectónico não se extingue só por si: podem existir revoluções construtivas que permitam novas possibilidades; podem deixar de ser válidas ou aceites socialmente as suas representações e ícones; ou o sistema propriamente dito pode não se extinguir de todo e aparecer (não na sua globalidade mas na representação de alguns valores ou capacidades técnico/formais) em um ou mais novos sistemas, sejam eles decorrentes do primeiro ou partindo de pressupostos e ideias distintos. Ou seja: transforma-se, adapta-se, evolui e renasce.